A Síndrome dos ovários policísticos também conhecida pela sigla SOP é o distúrbio endócrino mais prevalente na população feminina ocorrendo em torno de 5% a 10 % das mulheres em idade fértil. Decorre de alterações hormonais que levam a produção de altos níveis de androgênios ( testosterona), desordens menstruais e ovários aumentados de tamanho com aspecto policístico.
Sua causa ainda não é totalmente esclarecida, mas existem evidências entre a interação de fatores genéticos com influências ambientais.
Os sintomas relacionados a SOP incluem irregularidades menstruais ( de ausência a sangramentos aumentados), infertilidade (por ausência de ovulação), alterações de pele como hirsutismo (aumento de pelos em rosto, abdome, seios), acne, queda de cabelo, distúrbios do humor e depressão.
Mulheres com SOP apresentam maiores taxas de sobrepeso e obesidade, predomínio da gordura na região do abdome e resistência a insulina que pode se manifestar clinicamente com escurecimento de áreas de dobras como pescoço, axila, virilha. Estas alterações são fatores de risco para futuro desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares, além da falta de ovulação ser fator de risco para câncer de endométrio.
Para seu diagnóstico de acordo com as diretrizes estabelecidas em 2006 pela Androgen Excess Society é necessário a presença de sintomas de hiperandrogenismo ( acne ou hirsutismo) associados a alterações menstruais ( falta de menstruação ou escassa) ou ovários policísticos a ultrassonografia. A presença isolada de ovários policísticos não configura SOP e pode ser encontrada em mulheres sem nenhuma alteração endócrina ou metabólica.
A SOP é uma patologia importante para todas as especialidades que se dedicam a saúde da mulher por suas repercussões reprodutivas ( pode levar a infertilidade ), metabólicas (obesidade, diabetes, resistência insulínica), cardiovasculares ( maior prevalência de hipertensão, alterações no colesterol), oncológicas (aumento do risco de câncer de endométrio), dermatológicas ( acne, hirsutismo), psicoemocionais ( alterações da percepção corporal e sexualidade, depressão e distúrbios do comportamento).
O tratamento é voltado para os sintomas apresentados. Mulheres com sobrepeso e obesas devem ser estimuladas como medida inicial a perder peso e praticar atividade física. A perda de 5% do peso inicial já pode promover normalização da ovulação e das alterações metabólicas.
Mulheres que não desejam gestar, se não tiverem contraindicações ao uso de estrogênios, podem fazer uso de pílulas anticoncepcionais combinadas que regulam a menstruação e por atuarem na unidade pilossebácea promovem o controle da acne, oleosidade de pele e queda de cabelo.
Como é uma síndrome com vários sintomas, o tratamento deve ser abrangente e incluir além do controle do ciclo menstrual o uso de medicamentos para colesterol, diabetes, cosméticos e terapias para controle do estresse e da ansiedade quando presentes.
Mulheres que desejam gestar devem inicialmente realizar modificações de estilo de vida: perda de peso para as que estão com sobrepeso ou obesas, redução do consumo de álcool e suspensão do tabagismo. O uso de medicações para indução de ovulação é uma alternativa para aquelas que não apresentarem resposta ovulatória após as medidas iniciais.
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👩🏼⚕️Alexandra Secreti Prevedello – Ginecologia e Sexologia
CRM 3561 | RQE 676 | RQE 3319
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